Juncker
e May anunciam que não haverá fronteira rígida entre as duas Irlandas e que
houve acerto na conta do divórcio e nos direitos dos cidadãos expatriados.
Acordo permite início da segunda fase de negociações.
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A
primeira-ministra Theresa May e Jean-Claude Juncker em Bruxelas
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O
Reino Unido e a União Europeia (UE) afirmaram nesta sexta-feira (08/12) terem
alcançado um acordo de última hora para passar à segunda fase de negociações do
Brexit, garantindo que houve "progressos suficientes" nas três
questões centrais: os direitos dos expatriados, a "conta do divórcio"
e fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte.
Nos
últimos dias, o impasse
sobre o futuro da fronteira entre as duas Irlandas ameaçara travar o
processo. Mas, nesta sexta-feira, o presidente da Comissão Europeia,
Jean-Claude Juncker, e a primeira-ministra Theresa May disseram que um acordo
foi alcançado.
"Não
haverá fronteira rígida [com controle aduaneiro] e manteremos o acordo de
Belfast", afirmou May. Além disso, os cidadãos da UE no Reino Unido, e os
do Reino Unido na UE, terão seus direitos de residência, trabalho e estudo
assegurados. May afirmou ainda que o acordo é justo para o contribuinte
britânico e permitirá maiores investimentos em suas prioridades nacionais.
O
acordo não dá detalhes sobre como a difícil questão da fronteira será resolvida
e indica que muito dependerá das negociações comerciais entre o Reino
Unido e a UE. O trecho central afirma que, independentemente do que acontecer,
o Reino Unido manterá "alinhamento regulatório completo" com o bloco
europeu em questões que afetam a Irlanda. Não está claro o que exatamente isso
significa.
O
acordo atingido na primeira fase das negociações ainda necessita da
aprovação dos chefes de Estado e de governo da UE na reunião do Conselho
Europeu, nos dias 14 e 15 de dezembro. Juncker disse que vai recomendar
aos chefes de Estado e de governo que foram feitos progressos suficientes para
iniciar as negociações de saída. "A avaliação da Comissão tem por
base os progressos reais em cada um dos três domínios prioritários", disse
o negociador-chefe da UE, Michel Barnier.
A
líder do Partido Democrático Unionista (DUP), da Irlanda do Norte, Arlene
Foster, mostrou-se satisfeita com o acordo alcançado e destacou que a província
britânica abandonará a União Europeia nas mesmas condições que o Reino Unido.
"Recebemos a clara confirmação de que todo o Reino Unido abandonará o
mercado único e a união aduaneira", afirmou.
O
governo da Irlanda também se mostrou satisfeito. Em Dublin, o primeiro-ministro
Leo Varadkar assegurou que o acordo sobre o Brexit contempla todas as demandas
do seu governo, entre elas a manutenção da fronteira aberta com a província
britânica da Irlanda do Norte. O restabelecimento de controles no limite
entre os dois países poderia abalar a paz estabelecida após décadas de
violência entre os dois lados.
O
presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, advertiu que o mais difícil
das negociações ainda está por vir, pois "romper é difícil, mas romper e
construir uma nova relação é ainda mais difícil". Tusk lembrou que já se
passou cerca de um ano e meio desde o referendo britânico sobre o
Brexit e lamentou que "tanto tempo tenha sido gasto com a parte mais
fácil" da negociação.
"Agora,
para negociar o período de transição e o futuro temos, de fato, menos de um
ano", assinalou. Ele recordou que as negociações deverão ser
concluídas até o outono de 2018. Sobre a fase seguinte das
negociações, o presidente do Conselho Europeu propõe que se comece a
negociar o mais cedo possível a questão do período de transição, para
dar clareza sobre a situação às pessoas e empresas.

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