Despertou-me hoje para a problemática da
valorização do diploma e fez-se oportuno abordar aqui a questão, em teia de
construção da consciência.
Recuo no tempo e faço lembrar que
Cabo-Verde viu-se contemplado com liceu mais de meio século antes que a
Guiné-Bissau, o que me faz acreditar que antes da independência, os cabo-verdianos
já contavam com quadros mais e melhores qualificados que nós (guineenses). Ora
bem, é exatamente nesse segmento que encontro o êxtase pós-colonial ismo, que
permitiu a capacitação de milhares de jovens guineenses e vejo-me em dúvidas se
na atualidade, Cabo-verde é, em relação a nós, detentor de maior número de
formados pelo ensino superior.
É inegável que cada vez mais alicerça-se a ideia do quão importante é ser-se qualificado ou ser detentor de um diploma que pode facilitar o acesso ao mercado de trabalho e consequentemente à contribuição para o desenvolvimento do país. Se há 40/50 anos atrás, ter diploma era privilégio apenas para filhos de burgueses ou líderes, hoje uma digna bideira ou empregada de limpeza dentro ou fora do país (emigrante) tem a honra de formar o seu filho/a da melhor maneira e temos que nos congratular e nos orgulharmos com isso, pois cada vez mais temos mais quadros qualificados.
Porém, há aqui uma outra questão de que se é impossível fugir, que faz com que sejamos obrigados a reconhecer que os nossos quadros, "doutorados, mestres, licenciados, ou técnicos, não têm feito jus às suas qualificações; não ignorando, todavia, que há uma parcela de culpa do próprio estado nesse aspecto, pela sua própria fragilidade e desestruturação, mas não se pode acomodar nisso!
Os nossos quadros não apresentam projetos
credíveis e não zelam pela sua implementação!
Os nossos quadros não têm, não delineiam um plano de trabalho, e que não haja aqui desculpas como condições do país, haja persistência!
Os nossos quadros não captam
financiamento, mesmo munidos de ferramentas para o fazer a nível individual e
catalisa-lo para o Estado.
Os nossos quadros não evidenciam brio
nenhum em atrair investimento.
Os nossos quadros não desafiam as
condições adversas e são muito comodistas.
Os nossos quadros aparentam uma
estaticidade assustadora e não têm o sentido de sacrifício.
Os nossos quadros são intelectualmente preguiçosos. E o que querem eles?
*Querem todos lugares de destaque.
*Querem todos trabalhar na cidade.
*Querem todas regalias acrescidas que
não fazem por merecer.
*Querem todos ser políticos e
rapidamente enriquecer, assim são os nossos quadros, carros de luxo, terno e
gravata e blá- blá; trabalhar que é bom, nada!
E tratando da arrogância de uma grande
maioria, eufemismos à parte; prezam cada vez mais serem tratados ou
referenciados pelos títulos do que por alguma obra materializada em favor do país,
o que é lamentável!
Apraz-me dizer que orgulho-me de tantos quadros que temos, mas sou sincera a dizer que uma grande maioria não me aspira a nada, pois resumem-se em corruptos e improdutivos. Entretanto, em grande consideração está a classe feminina, que para além de evidenciar competência ainda pauta por uma boa conduta moral e prestativa que continua a ser encantoada, mas enfim...
O diploma é extremamente importante na atual
conjuntura, mas por si só, sem produção, estudos, projetos, atualizações, pouco
ou de nada Vale, vamos pensar nisso.
Uma boa semana!
Por Saliatu Sali Costa

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